Curso de Medicina para Bauru é debatido em Botucatu

Política
Curso de Medicina para Bauru é debatido em Botucatu 14 junho 2013

Fotos: David Devidé

Um grande debate foi realizado na Câmara Municipal de Botucatu na noite desta quinta-feira (13), com a Audiência Pública, que teve a finalidade de discutir a viabilidade do aumento da quantidade de vagas oferecidas no curso de graduação da Faculdade de Medicina de Botucatu – Campus da Unesp de Rubião Junior e o projeto que cria 60 vagas para Bauru.

O grande entrave da discussão é que em 50 anos de existência, a Unesp de Botucatu manteve as mesmas 90 vagas, ou seja, não abriu sequer uma nova (vaga) com a justificativa de falta de verba e de espaço físico. No caso da abertura de vagas para Bauru seria usada a estrutura da Unesp de Botucatu com seus professores.

A Audiência foi presidida pelo vereador Lelo Pagani (PT), que assinou o requerimento juntamente com Josey de Lara Carvalho (PR), Fernando Carmoni (PSDB) e Izaias Colino (PSDB), com a presença de pessoas ligadas a diferentes segmentos sociais, autoridades municipais e imprensa. Representando a Faculdade de Medicina (FM) para explanar o assunto compareceram os diretores José Carlos Peraçoli e Silvana Artioli Schellini.

Embora não estivesse presente, o nome do deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) foi citado dezenas de vezes durante toda a reunião. O parlamentar tucano é um dos maiores articuladores, junto ao governo do Estado, desse processo que visa criar as 60 vagas para o curso de Medicina na Cidade de Bauru, onde está concentrado o seu principal reduto eleitoral.

Durante os debates, em alguns momentos acalorados, os diretores confirmaram que existe um projeto elaborado e detalhado que está nas mãos do governador Geraldo Alckmin, que cria as 60 vagas para o curso de Medicina para Bauru. O impasse maior estaria no valor que o Estado teria que disponibilizar para consolidar e manter o projeto e não há interesse da FM em aumentar vagas aqui em Botucatu por conta de diversos obstáculos como estrutura, espaço físico e corpo docente.

“Com a permissão de nossa congregação elaboramos um projeto de expansão das vagas da FM de Botucatu em Bauru. A Unesp não abrirá um novo curso em Bauru e nem a FMB será transferida para aquela cidade. Nós expandiremos os nossos trabalhos em Bauru. Essa expansão é importante para a Unesp, mas não irá prejudicar, nem enfraquecer Botucatu. Entretanto, não existe nada consolidado. Por enquanto é só projeto e não seria tirado nenhum centavo do orçamento da Unesp. O financiamento viria, diretamente, do governo Estado”, disse Peraçoli. “E teria (o projeto) que ser feito de acordo com o que foi planejado, pois a proposta visa a qualidade do ensino e não quantidade de vagas”, completa.

Silvana Schellini garantiu que esse processo de expansão do curso de Medicina está sendo discutido há vários anos e Bauru é um universo que interessa ? Unesp. “Somos profissionais com uma vida dedicada a Universidade, que é nosso maior orgulho. Jamais faríamos um projeto que prejudicasse Botucatu. Sabemos que a Unesp está numa situação financeira difícil e não teria orçamento para criar o curso em Bauru. Por isso, esse projeto só será consolidado se dinheiro novo for injetado pelo Estado. Botucatu não teria prejuízo nenhum”, garante.

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Um dos presentes ? Audiência, o médico Herculano Dias Bastos, um dos mais antigos profissionais da Unesp de Botucatu ressaltou que a exposição dos diretores não foi convincente. “Não fiquei satisfeito com as explicações dadas. Esse é um projeto político do governo do Estado e o deputado Pedro Tobias. Questionamos os rumos que esse projeto está tomando”, disse.

Ele entende que se a intenção é aumentar vagas, que elas sejam criadas em Botucatu. “Mas, temos que pensar na qualidade do ensino e não na quantidade de vagas. Não tem lógica nenhuma criar vagas em Bauru”, frisa Bastos. “E para que dinheiro novo seja injetado sem comprometer o orçamento da Unesp é necessário aprovação dos deputados da Assembléia Legislativa, ou seja, uma negociação política”, acrescenta.

O prefeito João Cury também fez uso da palavra afirmando que a Prefeitura está acompanhando todas as notícias sobre a questão, tudo deve ser debatido e que se deve lutar por aumento de vagas em Botucatu. “Devemos debater o assunto, mas confio nos profissionais e membros da Unesp no sentido de que eles estão lutando por aquilo que deve ser o melhor para Botucatu. Entendo que o momento político é este para lutar por aumento de vagas, se a congregação concordar”, colocou.

Depois de quase cinco horas, a Audiência foi encerrada com a perspectiva de que esse assunto volte a ser discutido num novo debate público, por pessoas interessadas no processo. Nas próximas semanas o governo do Estado deverá dar seu posicionamento oficial sobre a criação do curso de Medicina para Bauru.

Lelo Pagani que presidiu a sessão afirmou que a audiência foi produtiva e que a Câmara estará mais a par do processo. “Pudemos esclarecer muitos pontos nesta audiência pública e ficou acertado que a Câmara Municipal estará a disposição para acompanhar todo o processo e assim ficar a par do que está acontecendo. É sempre importante oferecermos a oportunidade de esclarecimento para que não ocorram mal entendidos”, frisou o vereador.

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