Pedreiro revela detalhes do assassinato contra a companheira

Polícia
Pedreiro revela detalhes do assassinato contra a companheira 12 dezembro 2011

Na manhã desta segunda-feira (12), os policiais especializados da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Caio, Virgílio, Afonso e Vitor, acompanhados pelos agentes da Guarda Civil Municipal (GCM), Trombaco, Pichinin e Vaz, estiveram na Rua Professor Solon Paes Caldeira, nº 233, região do Parque dos Comerciários IV, onde a repositora de supermercado, Deonísia Francisco Cunha, de 41 anos de idade, foi violentamente assassinada por seu amásio, o pedreiro Anderson Caetano de Souza, de 38 anos, na noite de quinta-feira (8). O corpo foi encontrado na manhã do dia seguinte.

Os policiais se deslocaram ao local levando o homicida para que ele mostrasse onde havia jogado a arma do crime: um “machadinho” de corte também usado como martelo. Foi com esse instrumento que acusado tirou a vida da mulher aplicando vários golpes em sua cabeça causando afundamento do crânio na região da nuca. Vítima foi encontrada por parentes que acionaram os policiais militares Da Silva e Sidnilson, que arrombaram a porta da cozinha e localizaram a mulher morta no sofá da sala.

Na noite de sexta-feira (9), Anderson Souza foi preso após um trabalho conjunto desenvolvido pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e o Serviço de Inteligência da Polícia Militar, que distribuíram a foto do acusado para a polícia de várias cidades. Acabou capturado por volta das 20 horas, na SP 300 Rodovia Marechal Rondon no Município de Penápolis, na poltrona 32 de um ônibus da empresa Reunidas que fazia o itinerário Bauru a Três Lagoas, por uma equipe do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) e encaminhado ao Plantão Policial de Penápolis. Ainda na noite de sexta-feira os policiais da DIG, Vitor e Virgílio, viajaram para aquela cidade para trazer o acusado de volta a Botucatu, sendo o mesmo recolhido ? Cadeia Pública local na madrugada de sábado (10).

Na DIG Antônio Souza revelou que o crime foi cometido na noite de quinta-feira (8), por volta das 20 horas, após uma discussão entre o casal. “Eu desconfiava que ela estava me traindo e na tarde daquele dia vi ela saindo de uma caminhonete. Quando entrou em casa começamos a discutir e ela foi embora. Lá pelas sete e meia (19h30) ela voltou e a discussão recomeçou. Ela me agrediu e perdi a cabeça. Peguei o “machadinho” e bati na cabeça dela”, lembra o homicida não se recorda de quantos golpes aplicou.

A mulher ficou estendida no sofá e ele a cobriu com um cobertor. “Depois, fiquei algum tempo por ali sem saber o que fazer. Decidi pegar meus documentos, algumas peças de roupa e fugir. Fiquei a noite inteira andando sem rumo pela Cidade e lá pelo meio dia peguei o ônibus (para Avaré) e saí de Botucatu. De noitinha, peguei outro ônibus para ir até a casa de minha mãe que mora na Cidade de Major Prado (MS), mas a polícia me pegou no caminho”, disse o homicida.

Diz que está arrependido, mas preparado para pagar pelo crime. “Era assim: a gente discutia muito por qualquer coisa e se agredia sempre. Não tinha mais jeito de ficar junto, mas ela não queria separar. Algumas vezes cheguei a sair de casa, mas ela foi me buscar em Araçatuba. Além disso, aqui em Botucatu não conseguia trabalho. Vivemos dois anos assim, nesse vai e vem”, diz.

Reconhece que não tinha relacionamento com os familiares da ex-companheira. “Eles não gostavam de mim e eu não gostava deles. Então a gente não convivia. Nesses dois anos se fui ? casa dos parentes dela duas vezes foi muito. Apesar de tudo, não deveria ter acontecido aquilo. Foi um momento de raiva, de bobeira e agora tenho que arcar com as consequências. Acabei com a vida dela e com a minha”, lamentou.

Pesa, ainda, contra Anderson Souza um incêndio criminoso ocorrido em 2008 quando brigou com a então namorada Isabel Silva (46 anos) e ateou fogo na casa, destruindo o quarto. “Foi uma briga onde ela me esfaqueou no braço e eu pra me vingar coloquei fogo no quarto, mas ninguém saiu ferido e fui absolvido. Mas, uma coisa que aconteceu lá atrás não tem nada a ver com o que aconteceu agora. Foram situações diferentes”, diz o homicida que ainda responde por crimes de lesão corporal e furto, artigos 129 e 155, do Código Penal, respectivamente. Deverá permanecer preso até que seja julgado por um júri popular, em data a ser agendada pela Justiça.

{n}Casal em conflito{/n}

Familiares relataram que a vida de Deonísia era muito difícil ao lado de Anderson, já que, costumeiramente, acabava agredida por ele. “Ninguém da família gostava dele porque era muito violento. Ela vivia com ele há mais ou menos dois anos e sempre foi maltratada. Era ela que, além de ser agredida, sustentava a casa porque ele não gostava de trabalhar e bebia muito. Várias vezes pedimos para que o abandonasse, mas ela não aceitava e agora aconteceu uma desgraça dessas”, lamentou o irmão Fabriciano.

Existe um processo que está correndo pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), desde o mês de julho, onde Deonísia pedia medida protetiva contra o companheiro para que não se aproximasse dela. “Entendendo que a mulher corria risco de morte, o juiz deferiu o pedido para que a medida fosse cumprida, mas nenhum dos dois havia comparecido na delegacia para conhecer a determinação judicial”, comentou a delegada Simone Alves Firmino.

Outro detalhe contido no inquérito policial é que Anderson Souza, já havia tirado a vida de um gato de Deonísia. O animal teria sido usado para fazer um “trabalho” para um terreiro de macumba e os parentes da vítima alegam que era fator comum ele espalhar velas acessas de diferentes cores pelos cômodos da casa.

Fotos: Valéria Cuter

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