Júri absolve réu de homicídio triplamente qualificado

Polícia
Júri absolve réu de homicídio triplamente qualificado 02 agosto 2012

Fotos: Valéria Cuter

Um Júri Popular composto de cinco homens e duas mulheres (seis dos quais participando pela primeira vez de um julgamento) optou pela absolvição do réu Valdionor Souza Pereira, conhecido como “Nozinho”, hoje com 52 anos de idade, denunciado como autor de um crime de homicídio triplamente contra Paulo Antônio Carneiro e homicídio qualificado tentado, contra Fátima Sueli César Carneiro, esposa da vítima.

O julgamento aconteceu nesta quinta-feira (2) no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subsecção de Botucatu, que recebeu um bom número de pessoas parentes do réu e da vítima. Valdionor veio escoltado pela Polícia Militar e agente do Centro de Detenção Provisória (CDP), de Bauru, onde estava desde 2008, aguardando o julgamento. Houve atraso no trajeto e ele só chegou após as 12 horas quando o julgamento já havia sido iniciado.

O assassinato foi registrado pela Polícia Militar no início da noite do dia em 16 de maio de 2001, na Rua Cassimiro de Oliveira, no Parque dos Comerciários e Valdionor foi denunciado pelo então promotor Justiça, Maurício Uemura Shintati, como autor do crime. Na ocasião, teria agido junto com outro cidadão que não foi identificado, a mando de Dario de Souza Pereira, o “Darinho” (já falecido), irmão do réu. A dupla teria invadido a casa e disparado seis tiros contra Carneiro que estava no computador, causando-lhe lesões que o levaram ? morte.

A denúncia ainda aponta que a mulher da vítima, Fátima Sueli César Carneiro, estava no quarto e quando ouviu o barulho veio para a sala e recebeu um tiro no peito. Foi socorrida ? tempo e sobreviveu. Seria ela a principal testemunha, mas morreu três anos depois vitimada por uma doença grave. A filha do casal que também estaria na casa, teria reconhecido Valdionor como um dos assassinos. Ele foi preso em 2008, na cidade de Teixeira de Freitas, no Estado Bahia e está recolhido, desde então, em Bauru. Também consta no processo que Paulo Carneiro havia assassinado um irmão de Valdionor dez anos antes e a vingança teria sido a causa de sua execução.

{n}Negativa de autoria{/n}

Os trabalhos de júri foram presididos pelo juiz Marcus Vinicius Bachiega, tendo como representante do Ministério Público o promotor de Justiça, Marcos José de Freitas Corvino. A defesa de Valdionor foi realizada pelo advogado criminalista Roberto Fernando Bicudo que trabalhou em plenário com a tese de negativa de autoria e conseguiu convencer os jurados de que o réu era inocente dos dois crimes.

“Entretanto, não existe nenhuma prova que coloque Valdionor na cena do crime. Quando tudo aconteceu ele já estava morando na Bahia, onde vivia com a esposa e quatro filhos. Minha convicção da inocência procurei passar para os jurados e eles entenderam que não haviam provas para uma condenação”, comemorou Bicudo.

Um dado interessante é que três filhas de Valdionor, com 19, 17 e 15 anos, respectivamente, que moram em Botucatu e não viam o pai há 10 anos assistiram ao julgamento e comemoraram muito quando o juiz Marcus Bachiega proferiu a absolvição. “Não queria ver meu pai nessa situação, mas esse pesadelo acabou e ele está livre. Agora vamos recuperar o tempo pedido por causa dessa tragédia que machucou duas famílias”, disse a filha maior.

Valdionor garantiu que quando ficou sabendo do assassinato já estava na Bahia. “Briguei com minha esposa e passei a viver com outra mulher e decidimos sair de Botucatu acho que em janeiro 2001 e não estava aqui quando o crime aconteceu. O que fiz eu assumo (roubo, tráfico de entorpecentes e tentativa de homicídio) e já paguei o que devia ? Justiça, mas nunca matei ninguém. Por isso estou aliviado de ter sido inocentado”, disse.

Ao interrogar o réu, o promotor Marcos Corvino levantou um dado interessante contido nos antecedentes criminais de Valdionor. Ele foi flagrado em uma operação da Polícia Militar no dia 18 de abril de 2001 conduzindo um veículo sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Isso mostra que 18 dias antes do crime, Valdionor estava em Botucatu. Como havia revelado que teria viajado para a Bahia em janeiro de 2001 e desde então não teria mais retornado ? Cidade, ficou a dúvida no ar, mas isso não impediu que os jurados optassem pela absolvição.

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