Juiz diz que 85% dos adolescentes infratores são do tráfico

Polícia
Juiz diz que 85% dos adolescentes infratores são do tráfico 23 junho 2012
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A situação dos adolescentes entrando para o submundo tráfico de entorpecentes se constitui num problema social de difícil solução. Segundo o juiz da Vara da Infância e Juventude de Botucatu, Josias Martins de Almeida Júnior, de cada 100 adolescentes que são apreendidos em ocorrências policiais, pelo menos 85 deles estão envolvidos com o tráfico de entorpecentes.

Magistrado explica que muitos adolescentes entram para a criminalidade, incentivados principalmente por traficantes que oferecem o ganho do dinheiro fácil e eles são levados ao crime, pois vêem a possibilidade de sustentar suas famílias e na maioria dos casos sustentar o próprio vício ocasionando um grave conflito social.

“A inclusão de adolescentes no tráfico de entorpecentes em Botucatu, no contexto atual, é preocupante. Quase todos os atos infracionais praticados por adolescentes estão relacionados ao tráfico. Posso dizer que são 85% dos casos. É preocupante porque o tráfico tem acabado com a infância, tem acabado com a juventude do adolescente e afetado diretamente sua família”, frisa Josias Júnior.

Diz que as drogas, principalmente o crack, é um fator decisivo na prática do crime. “Os atos infracionais mais graves envolvendo adolescentes como roubos, sequestros, homicídios, latrocínios, extorsão, estão relacionados ao uso de drogas”, afirma o magistrado.

Em razão disso diz que tem sido rigoroso e aplicado medidas de internação para que o adolescente tenha um atendimento médico, psicológico e de drogadição. “Muitas vezes ao internar um menor por um determinado período, estamos, sim, protegendo sua vida”, afirma. “Não podemos nos esquecer que o adolescente que vem de uma família desestruturada está mais vulnerável para entrar na criminalidade. Tirar o adolescente desse ambiente é a nossa obrigação, é obrigação da sociedade”, complementou.

Josias Júnior adianta que quando toma a decisão de internar um adolescente infrator, que é uma medida extrema, procura ter o cuidado de colocá-lo numa instituição que seja o mais próximo possível de sua família. Mas, nem sempre isso é possível, pois faltam vagas.

“Em alguns casos entendemos que o adolescente pode ficar em regime de Liberdade Assistida (LA), ou seja, uma medida sócio-educativa que faz com que o adolescente fique em liberdade sendo orientado. Quando entendemos que o ato infracional cometido é grave, a medida que a adotamos é a internação, mas nas infrações mais leves adotamos a LA, que em muitos casos é eficaz. Cada caso é analisado pelo magistrado, isoladamente, para que se aplique a medida mais justa”, finaliza.

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O Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) realiza um trabalho em Botucatu que busca a reintegração de adolescentes infratores ? sociedade. Administrada pela advogada Juliana Rosa, a entidade conta, atualmente, com 64 jovens (até este sábado) na faixa etária compreendida entre 12 a 21 anos incompletos.

Para manter a operacionalidade diária, a unidade conta com aproximadamente 100 pessoas, sendo 50% delas da própria Fundação custeada pelo governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania. O quadro se completa com funcionários do Centro Regional de Registro e Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami) e terceirizados.

“Adolescentes recebem, diariamente, atendimento que consiste na oferta das assistências básicas como material, educacional, cultural, esportiva, lazer, saúde, social, religiosa e jurídica. A média de internação é de um ano e dois meses”, diz Rosa. “Procuramos manter os adolescentes em atividade desde que levantam até a hora em que vão se deitar”, emenda.

Enfatiza que os adolescentes buscam dar prioridade as atividades educacionais, esportivas e artísticas, que mais se identificam com eles próprios e isso não tem ficado restrito nas dependências da entidade. “Os adolescentes tem se apresentado em teatro interpretando peças, festival de música, campeonatos esportivos e realizando exposições. Esta é uma maneira de fazer com que eles sejam, gradativamente, reintegrados ao convívio social. É esse o nosso objetivo”, concluiu Juliana Rosa.

Fotos: Valéria Cuter

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