Condenação de 16 anos e quatro meses causa perplexidade

Polícia
Condenação de 16 anos e quatro meses causa perplexidade 09 junho 2011

Depois de mais de 12 horas, com sorteio dos jurados, inquirição de testemunhas, interrogatório do réu e debate entre acusação e defesa com direito a réplica e tréplica, o Conselho de Sentença (Júri Popular) composto por cinco mulheres e dois homens, tomou a decisão na “sala secreta” e o juiz substituto, Edson Lopes Filho, proferiu a sentença imputando uma pena de 16 anos e quatro meses de reclusão.

Foi esse o resultado do julgamento do réu Wellington Gomes Conceição, de 36 anos de idade, ocorrido nesta quinta-feira (9) no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subsecção de Botucatu, que foi denunciado como o autor de três homicídios triplamente qualificados, no mesmo dia, na mesma casa e com a mesma arma, mas acabou condenado por apenas um crime.

A decisão dos jurados causou perplexidade no público e nos familiares das vítimas, pois o crime que aconteceu durante a madrugada do dia 1º de maio de 2008, fez três vítimas: a médica pediatra Jane Jerônymo da Conceição, na ocasião com 27 anos de idade, seu pai, João Jerônymo (77) e sua mãe Salvadora Robis Prado Jerônymo. Todos assassinados a golpes de marreta na cabeça.

Embora o promotor de Justiça, Marcos José de Freitas Corvino, tenha pedido a condenação de Conceição pelos três assassinatos triplamente qualificados, os jurados entenderam que o réu assassinou sua ex-mulher, mas não teve participação na morte dos seus pais, que morreram de maneira idêntica.

Na defesa de Conceição esteve o advogado criminalista Roberto Fernando Bicudo, nomeado pela OAB e definiu a tese de negativa de autoria, como estratégia de defesa, que acabou sendo acatada parcialmente pelo Conselho de Sentença. Ele foi assistido pela advogada Adriana Trancoso Peres e deu seu parecer sobre o resultado.

“Não havia provas concretas no processo de que ele havia cometido esses crimes e a maioria dos jurados entendeu isso. Os crimes foram votados, isoladamente, e acredito que um dos sete jurados errou ao condenar o réu pelo assassinato de Jane e o resultado foi 4 a 3, desfavorável a ele. Na sequencia, com esse mesmo resultado (4 a 3) ele foi absolvido dos outros dois crimes. Se não tivesse havido o erro na primeira votação, ele poderia sair hoje daqui absolvido”, comentou Bicudo.

Como ficou essa dúvida com relação a um dos jurados ter se confundido no momento da votação na “sala secreta”, o julgamento poderá ser anulado e outro deverá ser agendado pela Justiça.

{n}Relembrando o crime{/n}

O crime aconteceu durante a madrugada do dia 1º de maio de 2008, em uma residência na Rua Salvador Bavia, região do Jardim Continental e, de acordo com a denúncia feita pelo promotor de Justiça, Marcos José de Freitas Corvino, o réu Wellington Conceição assassinou a médica pediatra Jane Jerônymo da Conceição, João Jerônymo e Salvadora Robis Prado Jerônymo, que estavam na casa. Para realizar o crime o assassino fez uso de uma marreta com a qual desferiu vários golpes contra a cabeça das três vítimas.

Apurou-se durante o inquérito que Jane era casada com Conceição, mas o casal estava separado havia seis meses e ele não aceitava ficar longe da mulher tendo feito várias ameaças e tentado se suicidar. Em razão disso, Jane solicitou e foi beneficiada com uma medida protetiva de urgência, com base na Lei Maria da Penha e o ex-marido foi proibido de se aproximar dela e da família. Ele passou a morar em São Paulo, trabalhando numa transportadora.

No dia dos fatos, de acordo com o que está descrito na denúncia do promotor, Wellington Conceição viajou para Botucatu, armou-se com uma marreta e foi até a residência onde Jane morada com seus pais. Pulou o muro e bateu na porta, sendo atendido pela ex-sogra (Salvadora), que recebeu os golpes na cabeça e caiu na sala. Na sequencia, o homicida dirigiu-se até o quarto de Jerônymo que estava dormindo e o atacou com a marreta da mesma forma. Por fim, foi até o quarto da ex-esposa, que também dormia e aplicou vários golpes em sua cabeça.

O crime só foi descoberto por volta das 15 horas quando uma testemunha se deslocou até a casa e percebeu sangue que corria por debaixo da porta. Essa pessoa encontrou Salvadora caída na sala, ainda viva, mas agonizando e chegou a ser socorrida pela equipe de resgate do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer. Nos outros dois quartos estavam o pai e a filha que foram assassinados enquanto dormiam.

Wellington Gomes Conceição foi preso na manhã do dia seguinte, na transportadora, em São Paulo, apontado como o principal suspeito do crime e permaneceu preso aguardando o julgamento. Ele nega ter cometido o triplo assassinato.

Fotos: Valéria Cuter

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