PMDB deverá assumir comando do Senado e Câmara dos Deputados

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PMDB deverá assumir comando do Senado e Câmara dos Deputados 28 janeiro 2013

Em meios a muitas denúncias de corrupção e enriquecimento ilícito, políticos do PMDB deverão assumir as presidências do Senado com Renan Calheiros (substituindo José Sarney, também do PMDB-AP) e a Câmara dos Deputados, que terá ? frente o deputado Henrique Eduardo Alves (para assumir a vaga de Marcos Maia PT– RS). Ambos os candidatos atribuem denúncias como “jogo eleitoral”.

As indicações dos peemedebistas é parte de um acordo selado entre o PT e o PMDB – maior partido da base governista – logo após as eleições de 2010. O acerto incluía que Renan Calheiros substituiria José Sarney no Senado e Alves seria o substituto do petista Marco Maia ? frente da Câmara dos Deputados no biênio 2013-2014.

{n}Renan Calheiros{/n}

Renan, depois de ser afastado da presidência do Senado é o favorito para assumir, novamente, o mais alto posto do Senado, em eleição a ser realizada em 1.º de fevereiro. A volta do peemedebista tem a “bênção” do Palácio do Planalto e foi resultado de uma costura política que uniu PMDB e toda a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
O parlamentar em 2007 renunciou ao cargo que hoje pleiteia, para tentar se livrar da cassação de seu mandato de senador, após ser acusado de permitir que um lobista da empreiteira Mendes Júnior pagasse suas despesas pessoais, como a pensão da filha que teve em relação extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso.

Mesmo respondendo a processos na Justiça, entre eles um de improbidade administrativa, e tendo seu nome ainda constantemente envolvido em polêmicas, como mostrou reportagem publicada pelo jornal Estado de São Paulo apontando que uma “empreiteira amiga” do senador foi beneficiada com contratos que somam R$ 70 milhões no programa social Minha Casa, Minha Vida, o nome do peemedebista segue firme na disputa. Ele deve somar 60 dos 81 votos do Senado. A votação secreta que deverá eleger Calheiros ? presidência do Senado está prevista para acontecer dia 1º de fevereiro.

Também responde inquérito por crime ambiental. Para o Ministério Público, o senador pavimentou ilegalmente, com paralelepípedos, uma estrada de 700 metros na estação ecológica Murici, administrada pelo Instituto Chico Mendes, em Flexeiras, a 66 km de Maceió (AL). O instituto, porém, não foi consultado e não concedeu qualquer licença ou autorização para a obra. A unidade, de 6 mil hectares, conserva áreas de Mata Atlântica. A estrada liga a fazenda Agropecuária Alagoas Ltda, de propriedade do grupo de Renan, ? principal rodovia que corta o estado, a BR-101.

As denúncias multiplicaram-se quando Renan esteve no Conselho de Ética, e foi acusado de usar “laranjas” para esconder a propriedade de veículos de comunicação em Alagoas, o que é proibido aos parlamentares segundo a Constituição. Das seis denúncias no Conselho, duas foram ao plenário. Mas Renan escapou duas vezes da cassação do mandato. Entretanto, teve que renunciar ao cargo de presidente para garantir a sobrevida política.

Depois de se livrar da cassação Renan adotou uma postura mais discreta e atuou, preferencialmente, em negociações reservadas. Mas já em 2009 tornou-se líder do PMDB, cargo importante para quem desejava voltar a ter a relevância de outrora na política e desde o ano passado, Renan costura seu retorno ? presidência da Casa.

{n}Henrique Alves{/n}

Já no dia 4 de fevereiro, o peemedebista Henrique Eduardo Alves, líder da bancada do partido e candidato que tem o apoio da bancada governista, deve ser eleito presidente da Câmara dos Deputados. A projeção é que consiga pelo menos 380 dos 513 votos possíveis, bem acima dos 257 necessários para vencer em primeiro turno. Ele tem sido alvo de várias denúncias de irregularidades na imprensa, ? s quais ele atribui ao “jogo pré-eleitoral”.

Denúncias do jornal Folha de São Paulo apontam que líder peemedebista beneficiou a empresa de seu ex-assessor na Câmara, Aluizio Dutra de Almeida, que também é tesoureiro do PMDB no Rio Grande do Norte por meio de emendas parlamentares. A empresa dele, Bonacci Engenharia e Comércio Ltda. teria recebido pelo menos R$ 1,2 milhão do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), órgão federal cujo comando era indicado por Alves. A Bonacci, ainda de acordo com a “Folha”, fica em bairro de classe média baixa em Natal, não tem funcionário em sua sede e é vigiada por um bode.

Outra reportagem, da revista Veja de 16 de janeiro, mostra que Alves contratou uma empresa de aluguel de veículos com registro em nome de um “laranja”. Para responder ? questão, o deputado primeiro disse que usava carro próprio, depois falou que o veículo era alugado, mas não lembrava do modelo. Por fim, um assessor de gabinete dele disse que o contrato foi feito a pedido do próprio deputado, que “talvez não se lembre”.

Alves já havia tido uma indicação prejudicada por denúncias. O nome dele foi descartado depois que sua ex-mulher Mônica Infante de Azambuja, em busca de uma pensão alimentícia maior durante o período de negociação do divórcio, denunciou ? imprensa que Alves mantinha US$ 15 milhões em contas bancárias não declaradas no exterior e que o marido usava laranjas para encobrir o patrimônio.

Em 2007, outro fato causou desconforto. Alves teve de se explicar por que gastou R$ 25 mil com a divulgação de suas atividades no jornal “Tribuna do Norte”, de propriedade dele e de sua família no Rio Grande do Norte. A justificativa foi a de que o jornal passou a cobrar o que fazia de graça para “propagandear” um de seus proprietários.

Alves vem de uma família de políticos e donos de um conglomerado de mídia, que inclui rádios, TVs e jornal. Entre eles estão o pai, Aluízio Alves, que foi deputado, ministro dos governos José Sarney e Itamar Franco e governador do Rio Grande do Norte; o primo, Garibaldi Alves Filho (atual ministro da Previdência do governo Dilma), que se licenciou do Senado, onde o tio Garibaldi Alves assumiu como primeiro suplente; outro primo, Carlos Eduardo Alves, foi eleito prefeito de Natal no último pleito e ocupa o cargo pela terceira vez.

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