Ex-ministro da Saúde Adib Jatene ministra palestra em Botucatu

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Ex-ministro da Saúde Adib Jatene ministra palestra em Botucatu 15 janeiro 2013

Alunos do último ano do curso de Medicina da Unesp de Botucatu receberam uma visita ilustre na manhã desta segunda-feira (14). Como boas vindas pelo início de suas atividades acadêmicas em 2013, os estudantes do sexto ano, também chamado de internato – quando passam a vivenciar experiências práticas na rotina de um hospital – receberam a visita do médico cardiologista e ex-ministro da Saúde, professor Adib Jatene.

Durante o encontro com os universitários, realizado no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e que durou quase duas horas, Jatene falou sobre o perfil de médico exigido atualmente pela sociedade. Entre suas principais considerações, o convidado afirmou que as faculdades de medicina precisam “repensar seu ensino e assistência”.

Para ele, os cursos estão formando especialistas com condições de lidarem com a alta tecnologia disponível, mas despreparados para atender a população que mais precisa. Aponta que os alunos devem ser treinados nas diferentes especialidades, mas precisam adquirir conhecimentos que todo médico tem que ter para atuar na assistência a população.

“Os médicos atualmente se especializam precocemente, focam muito na residência médica (período em que se aprimoram na área que escolheram), enquanto a maioria das pessoas precisa de atendimento básico. Para ele, os médicos se apoiam demais em exames e deixam em segundo plano a relação médico-paciente”, afirma Jatene. “A residência médica forma especialistas, mas não coloca médicos nas regiões onde não há assistência. Formamos médicos que não vão trabalhar com a população, mas sim com equipamentos de alta tecnologia. E é impossível oferecer tecnologia a toda a população”, reforça.

Em sua apresentação, Jatene também mostrou estatísticas sobre a criação de novas faculdades de medicina no Brasil. Entre 1996 e 2011, foram implantadas 103, totalizando 185 escolas. No último ano do período, eram 17.272 vagas disponíveis. A média nacional de vagas por milhão de habitantes é de 90.2. Entretanto, em algumas regiões, a quantidade é menor que esse índice. “A distribuição de vagas tem sido feita sem critério algum. O que tem sido determinante é a pressão política”, declarou o ex-ministro.

{n}Investimentos {/n}

Outro ponto abordado por Jatene foram os investimentos governamentais em saúde. São gastos R$ 127 bilhões na área pública. São índices bem inferiores aos praticados em países de primeiro mundo, como a Alemanha (R$ 617,5 bilhões), por exemplo.

“Temos que duplicar o gasto público”, frisa. O médico diz entender que a população brasileira paga muito imposto, mas a arrecadação é baixa. Em sua opinião, é preciso uma tributação maior sobre as classes mais favorecidas e os mais pobres deveriam pagar taxas menores. “No Brasil, tanto o trabalhador comum, quanto o magnata da indústria, pagam 27,5% de Imposto de Renda, o que está errado”, ponderou.

{n}Exame do Cremesp {/n}

Para Jatene exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) não tem o objetivo de ser um filtro, como é a prova da OAB, mas é uma forma de avaliar a escola por meio do aluno que ela formou. “O objetivo não é penalizar o estudante. Há várias formas de se avaliar. A intenção é atingir as escolas que não ensinam adequadamente. Com o exame, o aluno é obrigado a aprender e a escola a ensinar”, comenta.

A avaliação externa não é a questão polêmica, mas sim quando e como. “Todos que são contra o exame, concordam com a avaliação, mas estão propondo formas de se avaliar. Então isso deve ser discutido para que se encontre a melhor maneira”, acrescenta.

Fonte: Leandro Rocha
Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB

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