Cempas de Botucatu tem onças como “hóspedes” especiais

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Cempas de Botucatu tem onças como “hóspedes” especiais 05 março 2013

Fotos: Valéria Cuter

O Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres (Cempas), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, que cuida de diferentes espécies de animais silvestres conta com dois hóspedes especiais que estão sendo criados em cativeiro: uma onça suçuarana de, aproximadamente, cinco meses e uma pintada com um ano.

O filhote de suçuarana veio da região de Ribeirão Preto, especificamente do Município de Ituverava, região norte do Estado de São Paulo. Ela estava ao lado de sua mãe que morreu atropelada. Já a pintada veio do Rio Branco, Estado do Acre, para realizar um tratamento médico. Na semana passada o Cempas também contava entre seus “hóspedes” um tigre siberiano de quatro meses, nascido em cativeiro e que pertence a um criador de Garça.

Mas o Cempas que é considerado uma referência para todo o País, não está restrito aos felinos. Nele estão dezenas de aves e animais resultados de apreensões policiais, vítimas de atropelamentos em estradas ou ainda vindos de pessoas que criam os animais e depois resolvem abandoná-los, ou mesmo para tratamento médico. Também são recebidos espécies de animais originários de outros países para serem cuidados dos mais diferentes tipos de moléstias.

O professor/doutor Carlos Roberto Teixeira responsável pelo Cempas conta que, atualmente, no Cempas são mantidos em cativeiro diferentes espécies de primatas (sagüis, macaco-prego e bugios), jacarés, papagaios, tucanos, gavião carijó, maritacas, corujas, seriemas, veado catingueiro, cachorro do mato, jabotis, lagartos, cobras, gambá, tamanduás bandeira e mirim, javalis, entre outros. Um verdadeiro zoológico dentro de um centro de pesquisas científicas.

Teixeira explica que o desenvolvimento das monoculturas, o avanço das construções urbanas nas áreas verdes e o aumento das malhas viárias diminuem os habitats naturais desses animais que acabam invadindo áreas urbanas onde entram em contato com seres humanos e acabam feridos e, muitas vezes, mortos.

“Muitos animais que mantemos aqui são condenados a soltura, pois estão muito humanizados, ou seja, não conseguem viver sem a presença do homem e se retornarem ao habitat natural, seguramente, não sobreviveriam. Por isso são tratados e alguns deles são transferidos para zoológicos ou criadouros conservacionistas. Outros permanecem aqui para serem pesquisados e são base para teses e doutorados. Porém, essas pesquisas não envolvem a eutanásia (morte do animal)”, explicou Teixeira.

Já os animais que foram retirados de seu habitat natural e tiveram pouco convívio com o ser humano são tratados, recuperados e devolvidos ? natureza. Porém, ele alerta que não é aconselhável soltar animais, indiscriminadamente, na natureza. “Mesmo aqueles que ainda estão em condições de viverem em liberdade têm que ser soltos de maneira adequada, pois no reino selvagem existe uma competição muito intensa pela disputa de território e não são raros os casos em que animais são mortos por um rival. Então, o ideal é soltar os animais o mais próximo possível do lugar de onde foram retirados”, orienta o professor da Unesp.

Outro ponto citado por Teixeira é que embora o Centro tenha muitos animais selvagens, a visitação pública não é permitida. “Não é aberta (a visita), pois grande parte dos animais que mantemos aqui é usada para teses e doutorados ou estão em tratamento intensivo e poderiam ser infectados por pessoas que poderiam trazer vírus e bactérias de fora. Uma contaminação poderia por a perder um trabalho de muitos meses. Por isso, as visitas que recebemos são monitoradas”, diz.

Para quem tem animais ou aves silvestres em cativeiro não legalizados e quer se desfazer deles, o professor da Unesp sugere que procure a Polícia Ambiental. “A pessoa pode procurar a Ambiental e revelar que tem um animal ou uma ave em cativeiro e quer devolver. Se a pessoa preferir pode trazer até a Unesp, que nós recebemos e depois comunicamos ? Ambiental. Em nenhuma hipótese a pessoa deve soltar um animal que está há muito tempo no cativeiro, pois sua morte seria certa”, concluiu Teixeira.

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