Veteranos de medicina teriam usado fantasia de seita em trote

Cultura
Veteranos de medicina teriam usado fantasia de seita em trote 30 março 2015

Fotos: Estadão / facebook

 

Reportagens publicadas nesta segunda-feira no Caderno de Educação do Jornal Estado de São Paulo e no Brasil Post, revelam que estudantes do sexto ano de Medicina da Unesp de Botucatu se vestiram com trajes que lembram a Klu Klux Klan, seita que prega o racismo, para dar um trote em calouros. Neste final de semana fotos deste trote, que aconteceu no início do mês, foram publicadas em uma página do Facebook , que prega a denúncia e o combate aos trotes universitários. Nas imagens, os calouros foram obrigados a ficar ajoelhados.

Em nota a 48º Turma da Faculdade de Medicina de Botucatu afirma que tudo não passou de um erro de interpretação. “A conclusão de que estávamos fantasiados de Ku Klux Kan foi  deduzida pela forma como foram divulgadas as imagens, descontextualizando totalmente a fantasia e inserindo imagens que fizessem com que os leitores chegassem a esta conclusão”, diz a nota negando qualquer associação com a seita KKK e todos os anos uma fantasia diferente é usada, Este ano a fantasia caracterizava o carrasco para "dar um susto" nos novos alunos.

O Brasil Post revela que todos os anos surgem relatos de violências dentro das faculdades de medicina. A Unesp de Botucatu foi uma das citadas textualmente no relatório final da CPI dos Trotes Universitários, realizada entre dezembro de 2014 e março deste ano na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O presidente desta comissão, o então deputado Adriano Diogo (PT), chamou de “loucura” os relatos que envolveram a instituição do interior paulista.

“É preocupante a situação da mulher nessas faculdades como a Unesp de Botucatu e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Elas ficam tão segregadas que acontece tanta coisa, talvez tivesse de haver uma CPI específica para as faculdades de medicina. É uma loucura. O Dr. Lotufo (João Paulo Becker Lotufo, que apresentou uma pesquisa na CPI) veio e disse que o filho foi estudar em Botucatu e comentou: ‘tenho medo de perder o menino lá’”, disse Diogo ao Brasil Post.

Alunos da instituição de Botucatu fizeram relatos assustadores aos deputados estaduais da CPI. Entre os crimes e trotes descritos estão denúncias de estupros, a existência da ‘escola do sexo’, para onde meninas são levadas e obrigadas a simular sexo oral, e de outros incidentes cruéis, como os jovens que são obrigados a cavar buracos para serem enterrados e terem de beber.

O presidente da Associação Atlética Acadêmica Carlos Henrique Sampaio de Almeida, que organiza competições e festas dos alunos de Medicina da Unesp de Botucatu, também foi procurado pela reportagem, mas disse que não poderia falar na manhã desta segunda-feira (30). O Centro Acadêmico da faculdade também não se pronunciou sobre o assunto.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, a estudante M.B., da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu e integrante do Coletivo Genis, afirmou que a apologia ao estupro e a misoginia seguem sendo registradas na instituição, mesmo depois da CPI que aconteceu na Alesp. “A maioria das letras (da bateria) é bastante machista, pornográficas, obscenas ou homofóbicas.  Eles ofendem as meninas das outras faculdades, falam que vão estuprar as meninas das outras faculdades”, comentou Marina.

 

O que é KKK

Para quem não conhece, a organização Klu Klux Klan, também conhecida como KKK, surgiu nos Estados Unidos ainda no século 19 e, de lá para cá, teve três encarnações, todas criadas para pregar a supremacia branca, lançando mão do racismo, dos conceitos nazistas e práticas de violência armada, notadamente em Estados do sul do país. Em Botucatu, as roupas brancas da KKK foram trocadas por trajes negros.

O uso de roupas da KKK não é novo em trotes universitários. Em 2003, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma nota em que dizia que estudantes da Universidade de São Paulo (USP) já lançavam mão do mesmo expediente na recepção de calouros. Veteranos da Veterinária da USP vestidos assim já foram denunciados por obrigarem calouros a tomarem banho com um líquido retirado do estômago de bois, comer grama e rolar em um misto de lama e estrume, vestidos somente com roupas íntimas.

 

Nota de Imprensa

A Faculdade de Medicina da Unesp, câmpus de Botucatu, publicará, o mais rapidamente possível, Portaria que instaura Comissão de Apuração Preliminar dos fatos ocorridos dia 5 de março em Botucatu.  A Comissão responsável pela Apuração deverá levantar informações, confrontando sua veracidade, obtendo nomes, datas, horários, fiscalizando a existência de câmeras, fotos e requerendo providências que se façam necessárias e que possam resultar em provas substanciais.  Cabe à Comissão de Apuração Preliminar, na conclusão de seus trabalhos, relatar o apurado e verificar se houve alguma infração ao Regimento Geral da Unesp. Nesse caso, será aberta Sindicância, que pode aplicar as sanções previstas no artigo 162 do mencionado Regimento. O Regimento Geral da Unesp está disponível em http://www.unesp.br/portal#!/secgeral

 

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