Índios Kaigangs estão dormindo na Rodoviária de Botucatu

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Índios Kaigangs estão dormindo na Rodoviária de Botucatu 11 março 2016
Fotos: Júnior Quinteiro

 

Vários índios Kaigangues, da Reserva Apucaraninha, norte do Paraná, estão desde quinta-feira, 10, dormindo na Rodoviária de Botucatu. Eles vieram de Londrina e fizeram uma longa viagem de ônibus para vender artesanatos. No total são 11 famílias da Aldeia que fica em Tamarana, cidade no norte do Paraná.

Parte dos indígenas está no Camim, Centro de Atendimento ao Migrante Itinerante e Mendicância, localizado na Vila Ema. A outra parte está dormindo no chão, na parte de trás da estação rodoviária de Botucatu.

Marta Almeida, uma espécie de porta-voz grupo, explicou ao Acontece Botucatu a passagem dos Kaigangs na cidade. “Viemos de Londrina para vender nosso artesanato. Precisamos dele para nosso sustento. Sempre que conseguimos produzir, saímos em caravana por diversas cidades. É sempre muito difícil, contamos sempre com a ajuda das pessoas”, disse Marta em bom português.

Segundo a Conselheira Tutelar Maria de Lourdes Bossa, a Malu, a maior parte das mulheres estão no Camim, junto de suas crianças. “Os homens estão na Rodoviária, as mulheres e crianças estão no Camim, embora algumas mulheres e filhos estejam juntos como seus maridos no terminal rodoviário. Estamos acompanhando a passagem deles aqui em Botucatu. Posso dizer que eles nos deram uma lição de vida. Não gostam de dormir separados e as crianças até choram pela separação dos pais que ficaram cuidando dos balaios na Rodoviária”, explicou Malu.

Pedido por alimentos pelas crianças

Marta Almeida fez um pedido ao conversar com a reportagem do Acontece Botucatu. “Queria pedir para as pessoas doarem alimentos, principalmente para as crianças. A nossa situação é sempre muito difícil. Gostaria de pedir também para nos ajudar com nosso artesanato, para que a gente possa vender o que produzimos”. Disse.

Segundos eles, não há uma previsão de partida para outra cidade. Tudo depende da venda do artesanato. “Temos que vender os balaios. O que sobrar, colocamos no ônibus para vender em outra cidade”, colocou Maria de Almeida.

A reportagem presenciou o momento em que a funcionária de uma empresa de Ônibus entregou uma lista com horários de partida para as cidades de Conchas, Pardinho e Itatinga, que podem ser destinos dos indígenas. As famílias estão com seus produtos de artesanato na parte traseira do terminal rodoviário, próximo ao estacionamento dos ônibus.

A Reserva Apucaraninha, localizada a 70 km de Londrina, é uma área de aproximadamente 5.574 hectares e reúne cerca de 1.200 indígenas da etnia kaingang. A aldeia fica em Tamarana, e sua origem remonta à lenda de uma princesa indígena guerreira que usava como arma uma clava feita de madeira.

Os Botocudos

Os índios que estão na cidade tem uma semelhança com o povo de Botucatu. Uma das denominações dessa tribo é “Botocudo”, termo semelhante a “Botucudo”, que é usado pejorativamente para citar a população de Botucatu. Além de “Botocudos”, eles são conhecidos também como Coroados, Bugres, Camés ou Xoclengues.

Atualmente, os Kaingangues ocupam cerca de 300 áreas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarinae Rio Grande do Sul, no Brasil. Sua população é de aproximadamente 34 mil pessoas. Os Kaingangues estão entre os cinco povos indígenas mais numerosos no Brasil atualmente.

Fotos: Júnior Quinteiro

 

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