Índios guaranis fazem Pajelança no 12º BPM

Cidade
Índios guaranis fazem Pajelança no 12º BPM 15 abril 2010

Quem passou na manhã desta quinta-feira em frente ao 12º Batalhão da Polícia Militar (BPM), de Botucatu presenciou um evento muito diferente do habitual. Uma tribo de índios guaranis da aldeia de Teguaporã (foto), da reserva que fica na cidade de Itaporanga, interior paulista, mostrou que a antiga tradição indígena ainda sobrevive. A tribo tem como líder, o cacique Darã.

Os índios trouxeram colares, pulseiras, arcos, flechas, cocares e outros artesanatos, que eles próprios fabricam na tribo, para exposição e venda. É comercializando esses produtos artesanais e com ajuda do governo que os índios da reserva sobrevivem. As pessoas interessadas puderam adquirir os objetos benzidos pelo Pajé Awa Wyty. Vieram para Botucatu 36 índios guaranis. A aldeia Teguaporã tem 100 índios, oriundos das terras indígenas de Araribá, em Avaí.

“Esse foi um evento que trouxemos para Botucatu, como parte da filosofia de Polícia Comunitária e buscando a inclusão social, como parte das comemorações do Dia do Índio (19), que estamos comemorando nesse 15 de abril. Fizemos o convite e o cacique Darã aceitou em mostrar para Botucatu um pouco da tradição indígena com números, denominados Mungaraí, que acontece acompanhado de cânticos e movimentos herdados dos ancestrais”, colocou o capitão Maurício José Raimundo, Relações Públicas da PM de Botucatu.

Após a apresentação do Mungaraí, o cacique Dará e o pajé Awa Wyty realizaram o ritual denominado Pajelança. O grupo benzeu o comandante do 12º BPM, tenente coronel Cesar Francisco Toma e o major Jorge Miguel. Também receberam o benzimento dois alunos da Rede Pública de Ensino, que fazem parte do Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC). Os “benzidos” ganharam nomes no idioma tupi-guarani.

Na segunda parte da cerimônia, o cacique e o pajé, assim como os outros membros da tribo, batizaram as viaturas de Polícia Militar, bem como, os portões da Unidade. Sempre ao som de cânticos, o cacique Darã, borrifou fumaça do Petenguá (espécie de cachimbo feito de madeira) nos veículos, policiais e convidados. O objetivo da cerimônia é proteger policiais e viatura de tiroteios, acidentes de trânsito ou quaisquer perigos enfrentados no desempenho da profissão.

{n}Cacique Darã{/n}

O cacique Darã é orientador do Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC), que é aplicado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, desde 1999. Em 2007, participou da Conferência Anual do JCC, na cidade de Ogden, Estado de Utah, nos EUA, ocasião em que ministrou palestra a cerca de 1.800 estudantes, policiais e professores de vários países.

Darã também é Coordenador do Intercâmbio Cultural entre as tribos das etnias Tupi-Guaranis e Terenas com índios americanos, da tribo dos Micossukees. Na mesma época, Darã e policiais militares do Estado de São Paulo visitaram aquela aldeia, que fica no Parque Nacional dos Everglades, Estado da Flórida, quando foram recebidos pelo cacique Billy Cypress, que está agendando viagem ao Brasil.

“O índio ao longo do tempo vem perdendo seu espaço e nossa missão é manter viva a tradição e cultura entre os mais jovens para que isso se perpetue. O que nós apresentamos hoje aqui em Botucatu faz parte dessa tradição milenar, que estamos procurando manter viva”, colocou Darã. “Existe um dia em que é comemorado o Dia do Índio, mas para nós o dia do índio é todo dia”, complementou o cacique guarani.

Fotos: Fernando Ribeiro

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